Quintal RAÍZES: Dona Manu – Benzedeira (Teresina de Goiás)

Neste vídeo, Dona Manu é filmada por sua filha Clara benzendo contra “inveja, mal olhado, depressão, encosto, olho gordo, olho ruim”, como ela mesma diz. Ela nos explica que este benzimento é para adulto e, que o benzimento de criança é diferente.

Nascida no entorno do DF, mas moradora do nordeste goiano e benzedeira há décadas, benzendo presencialmente e à distância, ela nos conta que aprendeu muitas orações com sua mãe e termina a prosa com muita humildade dizendo: “eu tenho a virtude, a pessoa tem a fé”.

Casada com o artesão autônomo, também músico autodidata e raizeiro Josué, que há mais de 30 anos dedica sua vida à defesa e divulgação das riquezas naturais do Cerrado, através de seu artesanato, remédios caseiros e lindas canções (banda Fruto do Cerrado), hoje se encontram em grande dificuldade financeira, uma vez que maior parte do sustento da casa vinha da venda dos artesanatos, parados tanto pela quarentena da Covid-19, mas, antes mesmo disso, pelo avanço acelerado da catarata e pterígio que o impede de enxergar direito, impossibilitado de exercer seus ofícios e conseguir seu sustento dignamente, como sempre o fez.

Ajude nossa querida Manu e Seu Josué a arcarem com as despesas diárias neste momento tão difícil e a terminarem a reforma da sua humilde casinha. Conheça mais sobre esse grande mestre da cultura popular. https://www.youtube.com/watch?v=95BgtDVnOpc

Toda ajuda é bem vinda, seja pela plataforma da Vakinha ou direto na conta dele:
Banco do Brasil, Ag.3713-3, Conta Poupança 15821-6, CPF 085.253.311-04, Josué Faustino de Souza https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude-seu-josue-e-dona-manu-josue-faustino-de-souza

Texto: Daniela Ribeiro

Quintal e Entrevista RAÍZES: Seu Lino, Benzedor e Raizeiro (Cavalcante-GO)

Seu Lino como todos o conhecem, é morador da Chapada dos Veadeiros e, como seu parceiro Nicanor, reside na pacata cidade de Cavalcante, no nordeste goiano. Local que faz parte da região que já foi conhecida como “corredor da miséria”, hoje felizmente, muito reconhecida pelas suas belezas naturais.

Pessoa baixa em estatura, mas grande de coração e dono de um dom que faz com que muitas pessoas o procurem: o bendizer! Benze aos necessitados de cura para várias mazelas.

Muito querido, nos acompanhou em algumas edições do RAÍZES se doando durante todo o tempo, com muita simplicidade, compartilhando sobre todos os seus conhecimentos ancestrais.

Texto: Daniela Ribeiro

#histórias que minha avó me contou – RAÍZES: Mirna Anaquiri, Coletivo de Mulheres Artesãs Indígenas e Quilombolas (Goiânia-GO)

Mirna Kambeba Omágua – Yetê Anaquiri é uma liderança indígena jovem e a primeira indígena mulher a se tornar Mestra pela Universidade Federal de Goiás (UFG-Brasil). Com muita luta Mirna chegou até aqui e dedica sua vida ao empoderamento de mulheres, que assim como ela, precisam romper muitas barreiras.

Junto à Patricia Kamayurá e outras mulheres indígenas e negras quilombolas, encabeçam um coletivo de mulheres que levam o artesanato, conhecimento de suas ancestrais, para o meio urbano, em feiras e eventos, em busca do sustento para seus estudos, para manutenção de suas família, etc. Com muita garra, essas mulheres que agora estão impedidas de venderem seus artesanatos em locais que antes trabalhavam, devido à Pandemia da Covid-19, criaram uma Vakinha para ajudar outras irmãs artesãs pertencentes a diversos povos e aldeias indígenas, quilombos urbanos e rurais. Elas precisam da sua colaboração, ajude como puder, compartilhando, doando. Apoie as mulheres indígenas e quilombolas.

*Acessem o link da Vakinha para obterem mais informações: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/apoiem-as-artesas-indigenas-quilombolas-e-nao-indigenas

Texto: Daniela Ribeiro

Quintal RAÍZES: Pajé Karapotan Waurá (Xingu, MT)

O Pajé Karapotan pertence ao povo Waurá, do Xingu, Aldeia Piyulaga. Filho de Pajé e Cacique, segue na trilha do seu patriarca. Com avanço da Covi-19, o povo Waurá segue assustado, mas preservando e confiando na sua medicina tradicional. Em aldeias próximas, parentes, como um de seus filhos, já foram acometidos da doença e tiveram melhor resultado com a utilização dos saberes de cura ancestrais.

Colabore com o povo Waurá doando:
Banco do Brasil Ag.1319-6
Conta Corrente: 15702-3
CPF 902.144.201-91
Karapotan Waura

Texto: Daniela Ribeiro

RAÍZES – Entrevista: Maria Bezerra – Benzedeira; Escola de Almas Benzedeiras de Brasília-DF

Nossa entrevistada de hoje, além de ser super querida e Benzedeira de mão cheia, também é uma super parceira do evento, que com outras mulheres empoderadas, há 3 anos se dedicam em várias ações para que a realização do RAÍZES seja possível. Maria da Conceição Martins Bezerra, 56 anos, mãe de Peri, aquariana, Assistente Social de formação e, Benzedeira como sua Avó Vitória.

Ela nos conta que foi depois de uma inspiração que iniciou seus aprendizados com outras mulheres benzedeiras tradicionais do entorno de Brasília para começar a praticar benzimentos nas Unidades de Saúde e em Parques. Inicialmente, havia o nome de Escola de Benzedeiras de Brasília, mas alguns benzedores também foram se achegando juntamente com outras mulheres que também sentiram essa possibilidade de acessar e honrar os conhecimento ancestrais e hoje já bem conhecida, temos a “Escola de Almas Benzedeiras de Brasília”.

*SOBRE a Escola:

Iniciada em setembro de 2016, tem como guardiã, nossa queria entrevistada: MARIA da Conceição Martins BEZERRA, e nas palavras dela:

A Escola é um espaço de resgate de saberes e da ancestralidade divina. Trocamos experiências e memórias com as bênçãos de nossas mães, avós e bisavós.

A Escola tem como propósito resgatar as memórias e práticas de benzimento. Tem como objetivo facilitar o reconhecimento de homens e mulheres como agentes de cuidados integrais em saúde, para que esses tratamentos e curas para muitas dores e sofrimentos possam ser disseminados e todos possam viver melhor e conectados à natureza sagrada.

Apesar de não ser espaço formal de ensino, recebeu o título de escola por ser um movimento contínuo de aprendizagem. É formada por 56 benzedeiras e benzedores, que se unem para aprender, para colocar a energia em movimento, para cuidar e até curar.

Desde seus primeiros passos a Escola se tornou um lugar de resgate e partilha de saberes com base na oralidade e, desde 2017 vem oferecendo atendimentos à comunidade em Unidades Básicas de Saúde em Brasília, no Distrito Federal. São cerca de quatro rodas de benzimento por mês. Durante o período de isolamento social, oferece na mesma periodicidade os benzimentos à distância, uma vez que essa prática não conhece limitações de tempo e espaço.

A energia do sol desde o alvorecer da manhã, traz o desabrochar das plantas, expansão, calor e abertura necessária à prática de benzer. Ao finalizar o dia, quando a luz do sol vai deixando o céu, por volta das 18 horas, o cair da noite está sob influência de outra energia, mais voltada para a interiorização, para o recolhimento. É hora de encerrar o benzimento, que só em caso de emergência deverá acontecer.”

Texto: Daniela Ribeiro & Maria Bezerra

Quintal RAÍZES: Dona Eva – Parteira Kalunga (Comunidade Vão de Almas, GO)

Parteira muito respeitada pela comunidade, Dona Eva fez quase 300 partos, dedicando sua vida à ajudar mulheres à darem a luz. Mulher batalhadora, lavradora, sempre deu duro na roça para cuidar de seus filhos. E como todo “bom mestre” deixa discípulos, alguns netos seguem trilhando caminhos semelhantes, como aprendizes de parteira, aprendizes raizeiros e assim, esta sabedoria dos antigos permanece viva.

Texto: Daniela Ribeiro

Quintal RAÍZES: Sinvaline Pinheiro – Folclorista (Uruaçu-GO)

Sinva, como carinhosamente a chamamos, é uma amante do Cerrado, que se doou durante toda a sua vida em favor dele e de seus povos originários. Dedicou anos de sua vida para a materialização do Memorial Serra da Mesa, onde passa boa parte das suas horas, fazendo de todo tipo de serviço para manter a memória dos povos goianos viva! Só quem teve a oportunidade de participar de algum dos eventos idealizados por ela, pode descrever e emoção de estar presente, como a Semana do Folclore, que envolve quilombolas, raizeiros, rezadeiras, benzedores, parteiras, ciganos, povos indígenas, agricultores, crianças das escolas públicas, universitários, entre outros, ou a Semana dos Povos Indígenas, que acontecem anualmente no referido Memorial.

Sinvaline ainda é escritora e contadora de causos, com alguns livros e revistas publicados que super aconselho a leitura, como por exemplo: “Proseando aqui e acolá”, Kelps, 2013. Publicou no ano passado “Vez em quando vem me ver” (poemas). Quando menina, aprendeu a ler e escrever quase que de forma autodidata, escondida da mãe que a proibia, dizendo que “ler estragava as vistas”. Aos nove anos já escrevia versos sobre a vida do povo, mais carente, marginalizado, sofrido, negligenciado.

De família humilde, de pouca academia, mas de grande sabedoria, Sinva é guerreira que nunca deixa de sonhar e lutar. Carrega consigo saberes ancestrais de grande valia, que aprendeu com seus familiares e com tantos outros senhores e senhoras que ela conviveu e ainda convive. Dinheiro nenhum, universidade nenhuma são capazes de compensar dez minutos de prosa com ela, que é uma fonte inesgotável de conhecimento sobre a cultura dos povos e da terra, sobre o Cerrado… Sorriso maroto, fala mansa e muita História pra contar, assim é ela, Sinvaline Pinheiro, filha de Uruaçu, nossa Poetisa do Cerrado.

Texto: Daniela Ribeiro

RAÍZES – Entrevista: Arnoldo Xodó – Raizeiro (Teresina de Goiás – kalunga Vão de Almas, GO)

Xodó, como é mais conhecido, é raizeiro jovem mas já é muito conhecido e procurado, tanto na cidade onde reside atualmente, como em Alto Paraíso de Goiás, onde vem semanalmente ofertar seus produtos cerratenses nas Feiras.

Kalunga natural da Comunidade do Vão de Almas, herdou de família o ofício de raizeiro, conhecedor dos remédios do mato e, há alguns anos, também é coletor de sementes nativas do Cerrado, fazendo parte da Associação Cerrado de Pé.

Texto: Daniela Ribeiro

Quintal RAÍZES: Rezadeiras de Alto Paraíso de Goiás – Ladainha e Bendito


Neste vídeo Dona Severiana, mais conhecida como “Dona Severa”, nossa matriarca das Rezadeiras da cidade, reza cantando a Ladainha de Nossa Senhora do Livramento e encerra com um Bendito, juntamente com sua Filha Divina, sua neta Glecia e sua sobrinha Edi (nesta sequência, da direita pra esquerda). 

Preces cantadas e respondidas como Benditos e Ladainhas, foram transmitidos por gerações, misturando Latim e Português, e ainda hoje são feitas especialmente durante festas de santos, mais comuns nas comunidades interioranas. A Ladainha é uma prece litúrgica estruturada em forma de curtas invocações a Deus, a Jesus Cristo, à Virgem Maria, aos Santos, que originalmente eram recitadas por um celebrante (normalmente um padre) que se alternam com as respostas dos congregantes (fiéis religiosos presentes no momento).  

Texto: Daniela Ribeiro