RAÍZES Homenageia: Dona Maria Chefe (In memoriam) Parteira, Raizeira e Benzedeira-Vila de São Jorge/GO

De dia panhando pedra, de noite panhando menino! Foi assim durante muito tempo a vida de Maria Ferreira da Mota, mais conhecida como “Maria Chefe”.

Diferentes de muitas garimpeiras, ele nos contava que tinha saudade do garimpo de cristal. O trabalho não era fácil e nem dava muito dinheiro, mas a saudade maior era da alegria das companheiras e companheiros de jornada. Carregava peso, machucava as mãos, muitas vezes não recebia o que deveria, mas tinha amigos e gostava de ajudar ao próximo. Às vezes mal chegava do trabalho e era o tempo de tomar um banho correndo e já tinha que sair pra acudir uma mulher em trabalho de parto, às vezes duas em menos de um dia e logo já estava ela cuidando dos seus próprios filhos, da casa e de volta ao garimpo. Conseguia ser séria e muito doce ao mesmo tempo.

Conseguia te olhar e ver e sentir coisas que não é qualquer cristão que tem o dom de perceber.

Pegou muito menino (fez muitos partos), benzeu e fez remédio pra muita gente e ensinou quem quis aprender.

Pessoa simples, muito humilde, não há quem não tenha vivido na Vila de São Jorge até 2017, quando ela fez a passagem, que não saiba que ela era.

Se hoje tomo banho de ervas, foi porque ela me sensibilizou para isto.

Uma homenagem à ela e, nosso muito obrigado à toda equipe e aos familiares que contribuíram para a realização desta entrevista concedida em maio de 2017.
Texto: Daniela Ribeiro

RAÍZES – Entrevista: Pajé Álvaro Tukano (Brasília-DF)

Álvaro Fernandes Sampaio, mais conhecido como ” Álvaro Tukano” é militante do Movimento Indígena há décadas. Crítico à políticas governamentais que prejudicam toda a população e especialmente aos povos indígenas de todo o Brasil, critica o “ministério do veneno”, entre outros. Natural de São Gabriel da Cachoeira, no Estado do Amazonas, dedicou vários anos de sua vida trabalhando no Memorial dos Povos Indígenas em Brasília, onde reside atualmente. Texto: Daniela Ribeiro

RAÍZES – Entrevista: Renata Corrêa Martins – Etnobotânica (Alto Paraíso de Goiás/Brasília-DF)

Não é a toa que muitos a conhecem como “Renata Cerrado”. Ele é amante do Cerrado como um todo e dos povos que nele habita. Em suas experiências cerrado adentro, aprendeu muito, especialmente com kalungas, com as mulheres, crianças, idosos, com raizeiros e raizeiros.

Estudiosa das Palmeiras, com publicações muito interessantes sobre o tema e outros relacionado ao Cerrado, à Botânica e mais especificamente sobre Etnobotânica, Renata é Mestre e Doutora no assunto, com experiências em diversos locais do Brasil e até no exterior.

Seu amor pelas plantas, seu reconhecimento pelos valores ancestrais de cura, sua garra, a levou à idealizar junto com outras três mulheres a BioChás, que leva aroma e saúde às mesas de quem valoriza um cházinho dos bons.

Grande parceira do RAÍZES, está sempre na luta com a gente pra fazer o Grande Encontro acontecer.

Realiza um lindo e importante trabalho junto aos nossos grandes “doutores dos conhecimentos tradicionais”, catalogando as espécies medicinais nativas da “farmacopéia individual” de cada um deles, com muito zelo, dedicação e respeito.

Texto: Daniela Ribeiro

Quintal RAÍZES: Pajé Marinho Xavante (Mato Grosso-MT)

“Marinho Xavante é de Mato Grosso, mas reside em Uruaçu-GO com a família para dar estudo aos 13 filhos. Como acontece em todo o Brasil, é mais uma família que vai enfrentar a cidade depois de ter a terra desmatada, o rios poluídos e ainda enfrenta o preconceito no dia a dia para sobreviver”.
Texto: Sinvaline Pinheiro

Ajude esta família Xavante, doando:
CAIXA Econômica Federal Ag.0952 Op.13 (Poupança)
Conta: 0035294-0
CPF: 069.880.182-20
Em nome de: Ronaldo Tsere Adzu Temrite

RAÍZES – Entrevista: Tom das Ervas – Raizeiro (Alto Paraíso de Goiás)

TOM DAS ERVAS

Tom das Ervas, de outras eras, outros tempos.
Preparando cremes, xaropes, unguentos
O dia amanhece, a natureza dá o tom
Ele caminha pelo cerrado
e escolhe as ervas
Agradece reverencia
manipula, prepara
Uma fórmula pura
que cura, que sara
Arte de índio, caboclo
Serviço de raizeiro, Pajé
Se quiser encontrá-lo é fácil:
Em Alto Paraíso todos sabem quem ele é!


Poesia: Ivan Anjo Diniz

Quintal RAÍZES: Purnima – Parteira (Alto Paraíso de Goiás)

Marcia Purnima é carioca de nascença, mas escolheu o Nordeste goiano como local do coração para viver, plantar, colher e acolher. Fisioterapeuta de formação, Parteira na Tradição, ele recebeu o bastão publicamente de Dona Flor do Moinho em 2015, mas antes mesmo disso, há décadas ela vem acompanhando partos, além da sua experiência enquanto mãe, parindo da forma mais natural possível.

Purnima ainda é Acupunturista de mão cheia e Professora de Medicina Tradicional Chinesa. Muito querida e “mestrona”, já formou diversos aprendizes que atendem em diversos lugares, além de Alto Paraíso de Goiás.

Neste vídeo, ela passeia pelo seu quintal nos ensinando sobre uma erva que facilita o trabalho de parto, conhecida popularmente como artemísia (Artemisia vulgaris).

Texto: Daniela Ribeiro

Quintal RAÍZES: Dona Antonia – Benzedeira (Taguatinga-DF)

Antonia Alves do Santos é moradora de Taguatinga-DF, tem 92 anos. Benzedeira com muita fé e força. Antes da pandemia, atendia em sua casa três vezes por semana centenas de desconhecidos que recorriam à ela em busca de ajuda para mal olhado, quebranto, inveja, más energias, dores no corpo e espinhela caída.

Mãe de cinco filhas, avó de sete netos e bisavó de 10, Dona Antonia viveu a infância com um tio benzedor que à aproximou desse trabalho. Descobriu o dom para a reza aos 12 anos, após aprender inúmeras orações enquanto crescia sob os cuidados do tio. Um dia teve uma visão: “estava deitada em um campo com mato alto e vi Nossa Senhora Aparecida passando sobre a água e entregando uma carta em minhas mãos. Ela disse que aquilo seria minha salvação”. A partir de então, se tornou devota da santa e começou a trabalhar rezando por outras pessoas, mesmo à distância, sempre na frente de seu altar.

Texto: Maria Bezerra (Escola de Almas Benzedeiras de Brasília)

RAÍZES – Entrevista: Fiota Kalunga, Raizeira (Vão de Almas, Cavalcante-GO)

Deuzami, mãe e avó, que carinhosamente chamamos de “Fiota”, é raizeira kalunga de descendência. Filha de raizeira e neta de parteira muito comentada, Fiota já “pegou menino”, mas não se considera ainda, como ela mesma diz, “parteira legítima” como sua avó foi, mas segue seu caminho, como muita humildade e procurando aprender sempre mais.

Assim como sua avó e sua mãe, ela é agricultora e extrativista. Juntamente com seu marido, produz arroz de pilão, farinhas, óleos, muitas polpas de frutos do Cerrado, além de xarope de vinagreira, polvilhos de algodãozinho do campo, etc.

Encomende pelos telefones: (62) 99639-2372 e (62)99628-6742

Texto: Daniela Ribeiro