RAÍZES – Entrevista: Getúlio Krahô, liderança indígena (Itacajá-TO)

Nascido na Aldeia Pedra Branca, Terra Indígena Krahô, 75 anos, recebeu a autêntica educação tradicional Krahô, passando por várias fases de iniciação, tornando-se um guerreiro do seu povo. Ainda jovem, percorreu vários estados do país em busca de conhecimento do mundo do “branco”, retornando à sua terra cerca de 10 anos depois. Dotado de espírito de liderança, lutou contra a forma autoritária que o governo tratava seu povo. Aliando-se a indigenistas, pesquisadores e documentaristas e organizações não-governamentais, participou de movimentos que denunciavam o descaso que o governo tratava sua etnia, ao mesmo tempo em que buscava caminhos para a melhoria da sua qualidade de vida. Nesta busca, abriu caminhos junto à Universidade Federal de Goiás para a abertura de cursos universitários específicos dirigidos aos indígenas, possibilitando que vários jovens Krahôs e de outras etnias cursassem o Curso de Licenciatura Intercultural, criado por aquela universidade.

Em 1993 foi um dos fundadores da União das Aldeias Krahô – KAPEY, entidade que dirigiu de 1995 a 2004. Durante a sua gestão, mobilizou os Krahôs no resgate das sementes tradicionais indígenas, que seu povo havia perdido em decorrência de correrias e massacres que havia sofrido no passado e iniciou as “Feiras Krahô de Sementes Tradicionais”. Por esse trabalho levou a entidade a receber vários prêmios nacionais e internacionais, destacando-se os prêmios “Ação Pública e Cidadania” da Fundação Getulio Vargas (1998) e “Slow-Food da Biodiversidade” (2004). A iniciativa de recuperação das sementes indígenas Tradicionais disseminou-se para praticamente todas as etnias do Brasil e transformou-se em política pública abarcada por várias instituições governamentais. Atualmente, é um dos conselheiros mais respeitados em todas as aldeias do seu povo e continua na luta pela preservação e divulgação da cultura Krahô.
Texto: Fernando Schiavini

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